
Singularidade é um ponto
Em pontos do nosso universo.
Concentra massa infinita
Num tempo que congelou.
Existência quase divina
Pois transcende o universo.
Essência da criação,
É todo o tempo e toda história
Do universo que engoliu.
TEXTOS ORIGINAIS E PUBLICADOS NOS LIVROS DO AUTOR
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Singularidade é um ponto
Em pontos do nosso universo.
Concentra massa infinita
Num tempo que congelou.
Existência quase divina
Pois transcende o universo.
Essência da criação,
É todo o tempo e toda história
Do universo que engoliu.

Quatorze bilhões de anos
O universo comemora
Desde que surgiu
De onde o antes não vigora.
Expandiu-se acelerado
Mais rápido do que se pode ser.
Assim, quem tentar olhá-lo
Outra coisa é que vai ver.
Porque a luz tão caprichosa
Que supera o tempo na vida,
Frente à expansão vigorosa,
Perde de longe a corrida.
Então, ao olhar o passado,
Verá que a luz aturdida
Como um pobre estreante
Nem pode completar a corrida.
Ninguém sabe ainda por certo
Se tudo isto é verdade.
Mas é o que se mais se parece
Com a furtiva realidade.

Simultaneidade são eventos
Que podem ser e podem não ser,
Para um sistema parado
E outro que se está a mover.
Sincrônicos são fatos,
Sem ter mesmo um porquê
Que estão, assim, correlatos.
Mistérios da Psiquê.
Eventos distantes
De que se sabe sem os ver
Ou histórias bem sentidas
Sem que se as possa saber.
Por fim, a quântica verdade
De ser e também não ser,
De Schroedinger o certo fato
De que irá e não o gato morrer.
Pois cada um, bem exato,
Saberá com real certeza
Um de que morreu o tal gato,
Outro de que mia sob a mesa.


Imagem da nebulosa Doradus 30, localizada na Via Láctea, a 170.000 anos-luz da Terra – Julho de 2001
E aí?
Você acredita?
O sol que está ali, esteve ali há oito minutos?
E aí?
Você acredita?
A nebulosa que está aqui esteve ali a cento e setenta mil anos?
E aí?
Você acredita?
Tudo o que está ali, mas tudo mesmo, não estava alí a quinze bilhões de anos?
E na sua medida? O tempo? Para quem?
As Dimensões estão no imaginário
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No início, à criancinha
O amor nem é fechado:
Ama os pais, a bonequinha,
O Brasil e seu quadrado.
Tempo e meio vão cozendo,
Fazem o jovem não passivo:
Das mil questões sem resposta,
Do amor reflexivo.
Vai do caixeiro viajante,
Transitivo como amante,
Ao de Cristo de fim tétrico,
Cujo amor é até simétrico.
Do Hippie, herói lascivo,
Do amor associativo,
Ao do frio e cruel Criador:
Elemento neutro no amor…
Mas, chega a quem, para ser feliz,
Tem o amor que sempre quis,
Por ser de suas variantes
O melhor representante:
O amor real e ativo,
O amor comutativo.

A eternidade é logo ali
Logo após o tempo todo
No início do que não começa
Bem depois do que não cessa

Se ao Sol pudesses ir
À meia de um feixe de luz
E voltar
Sem morrer no itinerário,
Esses trinta e dois minutos seriam só meus,
Os teus, só dezesseis!
Encurtarias o caminho,
Contrairias o corpinho.

O povo da Grécia antiga
O tempo em tempos pensou.
Desde Cronos, tempo finito,
Que mede o tempo que passou.
Kairós é um tempo outro,
Pois desconhece a razão.
Depende de sentimentos,
Tempo de imaginação.
Tempo antes dos tempos
É Aion, das divindades,
Um tempo antes de tudo,
Antes mesmo da verdade.
Aion contempla universos,
Os mesmos que Kronos domou,
Alheio, Kairós, tempo da alma,
O próprio tempo transformou.
Kairós nos emociona,
Aion não compreendemos.
O tempo que importa
Corre inverso ao que vivemos.
Esses tempos acumulam
O peso da toda maldade.
Eternidade absoluta
Esgotaria a vontade.
Culpa por coisas malfeitas,
Falta do que foi perdido
Pesam nos ombros dos vivos.
Insuportável castigo.
Sem dispor de finitude,
Uma tristeza infinita
Imporia ao imortal
Sina cruel e maldita.
Transcendentes ou furtivos
Por amor, não maldade,
Este tempo engole os filhos
Em sinal de piedade.

O poema não pertence ao poeta.
Existe para ser encontrado
Acolhido e transformado.
Assim é o poema.
Como sementes levadas nas chuvas,
Nos surpreendem já arbustos.
Algum solo sensível, úmido e iluminado
O acolheu e transformou.
Já não é nada que houve antes.
É único e próprio,
Recriado em cada alma, em cada vida.
Outro poeta o tomou.

Criamos deuses à nossa imagem e semelhança
A suavizarem nossas angústias
De finitude, desconhecimento,
De simplesmente deixarmos de ter importância.
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