
Tudo bem! Se preferirem me chamar de Deus, podem!
Claro que vocês não têm a menor ideia do que eu sou. Ao procurarem, encontram tudo, exceto a mim mesma. Sou esquiva e impenetrável.
Verdade, verdade esquiva,
Que mais procuraria?
Verdade
Antes de tudo
Que existe,
Mesmo se nada existir.
Absoluta verdade.
É sem ser, haver ou porvir.
Mesmo na poesia sou intrigante. Ao me procurarem usam metáforas, inventam falsos deuses, criam mitologias.
É preciso que se conformem. Sou impenetrável, indecifrável, inexpugnável. Sou assim não por escolha, mas por sua limitação intelectual e física.
Claro que sou a sedução das seduções. Estou nas suas questões primordiais, nos seus sonhos e pesadelos.
Não quero ser cultuada, adorada ou temida. Não sou esse tipo de deus.
Sou apenas intrigante e deixo-os aproximarem-se cada vez mais. Entretanto, vocês caminham apenas metade do percurso que resta, de cada vez. Isso é tão infinito como o espaço e tão eterno quanto o tempo. Se acham que já compreenderam espaço e tempo, esperem sua próxima descoberta! Desculpem-me se há sarcasmo nessas palavras, não quero zombar de ninguém.
A eternidade é logo alí,
Logo após o tempo todo;
No início do que não começa,
Logo após o que não cessa.
Não quero desencorajá-los. Apenas confortá-los do fracasso no seu sucesso. Saberão vocês cada vez mais e sentirão orgulho das suas conquistas. É assim que é para ser. Não há limite para o aumento da sua sabedoria.
Entretanto, sempre haverá mais e mais por saber, porque eu sou a verdade.
Eu sou o EU SOU.
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