WAGNER RODRIGUES POETA E CRONISTA

TEXTOS ORIGINAIS E PUBLICADOS NOS LIVROS DO AUTOR

PARIDADE ENTRE MOEDAS (texto de WAGNER RODRIGUES)

Ao longo do tempo, produtos e serviços tendem a ser ajustados às inflações de cada economia. Momentaneamente podem ficar escassos e se valorizar em relação a outros, mas, eventualmente voltam ao patamar que lhes cabe. Se algo vale muito mais que custa, em termos de custo e remuneração do capital investido, atrairá empreendedores para sua produção, ajustando o eventual desajuste.

Principalmente em economias que mantem o câmbio flutuando pelas forças de mercado, como no Brasil e nos USA, desajustes tentem a ser compensados ao logo dos anos. Assim, espera-se que o câmbio vá se ajustando com as diferenças de inflação desses países. “Commodities” por serem produtos sem grandes segredos de produção e facilmente globalizados são fatores que ajudam nessa compensação. Soja, petróleo, aço, minério de ferro são exemplos de “commodities”.

Assim, se um país é mais inflacionário que o outro, espera-se que, com o tempo, haja uma desvalorização relativa da moeda do país com mais inflação em relação ao outro.

Os governos não deveriam, mas podem interferir na forma com que alguns índices de inflação são calculados. Felizmente orgãos independentes atuam nesses países minimizando essa intervenção. Bens pouco intercambiáveis como prestação de serviços, por exemplo, podem ser desvalorizados em uma economia subdesenvolvida em relação à outra mais desenvolvida causando algum ruído à lógica do ajuste do câmbio pelas diferenças de inflação.

Venho acompanhando faz algum tempo as várias moedas do Brasil em relação ao dólar e tentado analisar momentos de supervalorização de uma moeda em relação à outra e verificar se elas tendem a se ajustar com o passsar do tempo.

Criei um tipo de algoritmo para esse fim que chamei de “paridade”.

Montei três séries de dados com o mesmo tipo de análise.

  1. Análise de logo prazo com dados de 1965 até 2024
  2. Análise de logo prazo com dados de 1980 até 2024
  3. Análise de logo prazo com dados de 1995 até 2024

Como inflação brasileira usei o IGP-DI em todas as análises e o IGP-DI e o IPCA para as análises a partir da criação do IPCA em 1979.  Usei essas duas inflações, pois elas têm sido relativamente distintas ao longo do tempo, sendo que o IPCA afeta mais o consumidor enquanto o IGP afeta mais a indústria. Para o USA usei o CPI (Consumer price index) publicado pelo “U.S. Labor Department’s Bureau of Labor Statistics”.

Na modelagem calculei um índice a inflação brasileira em dólares (ajustada pela variação cambial) e a comparei com o índice da inflação americana. Num mundo ideal a relação entre esses dois índices devia dar “1”. Mas dependendo do período existe alguma distorção. Assim, graficamente, eu ajusto essa relação para dar 1 através de um fator de ajuste (deslocamento da curva). Chamei essa relação ajustada de “IPCA ou IGP based Parity BRL vs US$ Avg=1.00”. Isso faz com que eu aceite que na média do período analisado o câmbio seja “justo”, havendo períodos de supervalorização de uma ou outra moeda ao longo do tempo. As três análises não exigiram ajustes exagerados, tendo havido pouco deslocamento das curvas para que a média resultasse na unidade (chamo isto de paridade “justa”).

Aqui seguem os gráficos da análise dos tempos mais recentes (1995 até hoje):

Agora os resultados para o período intermediário (1980-hoje):

E em seguida o período mais longo (1965 até hoje):

Notamos que, mesmo nesse período muito longo, o deslocamento para a média continuar dando “1” não é muito grande. Isto é, existe uma paridade entre “Reais” e “Dólares” ao longo do tempo e hoje, em meados de 2025, estamos numa posição de câmbios bastante próximo ao justo ou ao que vem ocorrendo desde há muito tempo.

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