
De um vento mais forte,
Numa nuvem de poeira,
Acaba chegando do norte
Uma folha de parreira.
Vinha rasgada e quebrada
Da rudeza do caminho,
Mas trazia nos sulcos, marcada,
A ternura do carinho.
Intrigado com a poesia,
Indaguei à criatura
Por que amor haveria
Depois de tanta tortura?
E como resposta não vinha,
Pois a folha não falava,
Caminhei eu para a vinha,
Já que a noite não tardava.
Um brilhante regatinho
Me reteve a caminhada.
Nele havia um raminho
Que a água carregava.
O ramo, à sua maneira,
O mesmo poema trazia.
Também viera do Norte
Como a folha da parreira.
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