
No início do inverno
O rio retorna a seu leito.
Deixa às margens lagoas
E igarapés bem estreitos
Que servem de ligação
A cenários, os mais perfeitos.
Os canais são quase túneis
Formados sob as ramadas
Do igapó recomposto
E árvores desafogadas.
Ao seguir por esses nichos
Novos lagos se desvendam,
Com jacarés espreitando
As jovens garças imprudentes
E os aruanãs deslizando
Como lá fazem as serpentes.
Jabutis enfileirados
Descansam num tronco caído.
Nos ninhos com zelo arrumados,
Trinca o pixoré já nascido.
Sob as águas, haja zelo,
Pois há coisas perigosas,
Desde a raia e seu cutelo
Às piranhas tão gulosas.
Já no rio, na noite alta,
Bufa o boto em borbotões
E nas margens, qual ribalta,
Luzem olhos de caimões.
Estrelas, por si, já clareiam
A noite em plena lua nova
E sob ela devaneiam
Ritos da fauna majestosa.
Vivem bugios e até pintadas
Nas sombras da mata densa,
Sucuris bem tocaiadas,
Para constringir são atentas.
O Araguaia ainda abraça
A grande ilha fluvial
Dos Carajás, a forte raça
Que vive e morre em Bananal.
É assim o Araguaia,
Praias novas a formar.
Sob a vigília de três estados,
Vai o Tocantins abraçar.
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