WAGNER RODRIGUES POETA E CRONISTA

TEXTOS ORIGINAIS E PUBLICADOS NOS LIVROS DO AUTOR

Araguaia (Poema de Bolhas de sabão)

No início do inverno

O rio retorna a seu leito.

Deixa às margens lagoas

E igarapés bem estreitos

Que servem de ligação

A cenários, os mais perfeitos.

Os canais são quase túneis

Formados sob as ramadas

Do igapó recomposto

E árvores desafogadas.

Ao seguir por esses nichos

Novos lagos se desvendam,

Com jacarés espreitando

As jovens garças imprudentes

E os aruanãs deslizando

Como lá fazem as serpentes.

Jabutis enfileirados

Descansam num tronco caído.

Nos ninhos com zelo arrumados,

Trinca o pixoré já nascido.

Sob as águas, haja zelo,

Pois há coisas perigosas,

Desde a raia e seu cutelo

Às piranhas tão gulosas.

Já no rio, na noite alta,

Bufa o boto em borbotões

E nas margens, qual ribalta,

Luzem olhos de caimões.

Estrelas, por si, já clareiam

A noite em plena lua nova

E sob ela devaneiam

Ritos da fauna majestosa.

Vivem bugios e até pintadas

Nas sombras da mata densa,

Sucuris bem tocaiadas,

Para constringir são atentas.

O Araguaia ainda abraça

A grande ilha fluvial

Dos Carajás, a forte raça

Que vive e morre em Bananal.

É assim o Araguaia,

Praias novas a formar.

Sob a vigília de três estados,

Vai o Tocantins abraçar.

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