
A tarde se tornava,
Depois do ensolarado dia,
Um rubor escuro que vestia
Um quase noite que chegava.
Fulgurantes, as nuvens pululam,
Ávidas de derramar seu pranto
Na face da minha vidraça.
Pelas frestas contritas
Irradiar, em silvo, o canto
Do vento que estreito passa.
Salpicam no asfalto,
No fim do dia,
Estourando dos céus,
Os caldos grossos da tormenta satisfeita.
Então, a chuva derramada
Segue o curso sem tardar,
Pois as águas sempre sabem
Quando e por onde rolar.
Em ribeiras e cascatas
Seguem descendo colinas,
Em mil veios convergentes
Engrossam cavando ravinas.
De riachos apressadas
A rios que lhe dão colhida
Regam várzeas e florestas,
Espalhando cor e vida.
Chegam enfim aos oceanos
Onde dormem sossegadas
Embaladas pelas ondas,
Mãe das águas lá chegadas.
Mas o sol que as cobiça
Das ondas as tem sequestradas,
Evaporadas às nuvens…
Lhes impõe nova jornada.
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