
O maquinista sabia
Dessas coisas do destino.
Contra ele não bulia,
Pois seria um desatino.
Agradecer a Deus ocorria
Ao fim de cada viagem,
Que da próxima vez haveria
Formado camaradagem.
Mas, nem só de bondade
É feito este mundo redondo.
Para falar bem a verdade,
Tem-se mais do hediondo.
Assim, se juízo o tens,
Ignora-lhe o rabo,
Não custa a ti dar também
Uma esmola ao vil Diabo.
Algum dia poderás
Carecer de algum favor
E ao demo exigirás
Sua dívida recompor.
Esta lenda e muitas outras
Meu avô sempre contava,
Contador que ele era,
De contar não se cansava.
No Alentejo assim se diz:
“Se quiseres ser feliz,
Faze tu sempre o bem,
Não te cates para quem”.
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