
Às vezes sinto vontade de pensar no impossível,
Nas realidades estranhas de experiências muito loucas
Que ofendem o nosso senso com efeitos intrigantes,
Mas tão reais quanto tudo e mais reais que o espanto.
Sobre as interferências das ondas,
Por volta de um mil e oitocentos
Já havia Thomas Young
Nos brindando com experimentos
Da ótica tradicional.
A luz ao passar pelas fendas
Definia duas origens de ondas
Que se ampliavam ou sumiam
Projetando numa tela plana
Listras de sombras e de luz.
A zebra assim desenhada
Era como se duas pedras num lago
Provocassem dois grandes círculos
De ondas que se chocassem,
Provocando outras ondas
Diferentes das primeiras,
Partes por elas ampliadas
Entre partes bem maneiras.
Anos após veio o espanto
Que a mesma experiência daria
Feitas com feixes de elétrons
Que o mundo então mudaria.
Não que mudasse de fato
Pois o fato era de fato obtuso
Só difícil de aceitar
Deixando mesmo o sábio confuso.
O elétron, uma pequena pedrinha,
Teve um mal comportamento,
Pois mudava de atitude
Quando olhado por um momento.
Se ninguém o vigiasse
Seguia como o feixe de luz,
Mas se olhado por curiosos
Outro percurso o seguia.
Isto não prestava à ciência
Tal como então se entendia.
Como esse elétron malandro
Teria tamanha ousadia?
Até Einstein não aceitou
Essa atitude pilantra.
Estaria Deus a jogar dados
Ou os dados a criar mantras?
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