
Sentados ao café da manhã,
Desejo, medo e amor
Discutiam coisas da vida,
Desprovidos de censura ou pudor.
Desejo, com a força de um touro,
Era quem conhecia a vontade.
Já o medo, vigilante do audaz,
Prevenia a total liberdade.
Medo como a morte precoce
Traz saudades do que estaria por vir
Nas coisas que não foram vividas,
Nos prazeres que perderam guarida.
Desejo é motor e engenho,
Pois é ele quem constrói o saber,
Desejar conhecer o momento,
Desejar o universo entender.
O medo das coisas finitas,
O terror de apenas não ser
Criam mitos e pretensos caminhos
Para aquilo que tememos entender.
O desejo e o medo se anulam
Num dueto de sons inaudíveis
Em um mundo que se alastra e encolhe
Que escolhe e não sabe o que colhe.
O amor ao entrar na conversa
Disse apenas o que queria dizer,
Sem pensar se o desejo era dele
Bem seguro de nada temer.
Amor nunca tece argumento
De ciência ou tampouco de fé,
Sentimento que não carece de nada,
Se completa naquilo que é.
Deixe um comentário