WAGNER RODRIGUES POETA E CRONISTA

TEXTOS ORIGINAIS E PUBLICADOS NOS LIVROS DO AUTOR

O homem quieto (Poema de No limite da consciência)

Meu avô que pouco falava,

Na velhice se fez padeiro.

Amassava o trigo com água

E nas vestes trazia o cheiro.

Albino era seu prenome

Com a alma alva, tal qual.

Não podia ser algoz das galinhas

Que criava no pequeno quintal.

Não era senhor de histórias,

Orgulho ele nunca mostrou,

Poucas coisas dele eram ditas,

Quase nada dele restou.

Houve um fato bem curioso

De um homem que tentou

Atingi-lo num assalto,

Mas o golpe se frustrou.

O bandido para agredi-lo

Em gesto brusco ergueu a mão,

Mas o golpe se conteve

Por milagre ou contusão.

Homem pacífico era ele,

Nem na morte se exaltou…

Partiu recluso e discreto

Que ninguém se abalou.

Não tinha posses ou discursos,

Só um terno tosco e um chapéu

Que deve ainda usar hoje

Sentado, num canto, no céu.

Deixe um comentário

Posted on

Deixe um comentário