
Às quatro partia em ponto
Para varar a madrugada,
Rumo a oeste e ao horizonte,
Seguindo a férrea estrada.
Todo mês se deparava
Com o esplendor da lua cheia
E a segui-la se esforçava.
Mas a lua, sempre alheia,
No poente se esgueirava.
Onde o céu encontra a terra
A lua então se escondia
E sumia atrás da serra,
Quando a manhã já nascia.
Foi assim por muito tempo
Enquanto o mundo mudava,
Até que Maria, em lamento,
A longa jornada encerrava.
Num terreno descoberto,
Onde o céu a espreitava,
Foi deixada para o tempo
Pois seu tempo se esgotara.
Para sua grande surpresa,
Quando mais nada esperava,
Percebeu, então, que a lua
A cada mês retornava
Para prestar-lhe visita
Desde que a noite surgia
Até que o amanhã a apagava.
Deixe um comentário