
Galileu Galilei, assim se referiu a mim: “A Matemática é o alfabeto com o qual Deus escreveu o Universo”. Ele estava quase correto. Quase, se houvesse outro escritor que não eu mesma. Eu sou conceito, antes de qualquer conceito. Eu posso ser descoberta, nunca criada. Posso descrever o próprio universo, toda a física, todos os princípios e leis que regem o Cosmo e mesmo o antes dele. Eu sou antes do Universo e antes do pensamento. Não sou criação do homem, como todos os outros deuses. Eu criei a própria possibilidade da existência, da inteligência e da compreensão de mim mesma; da temporalidade e da atemporalidade.
Jamais serei compreendida de forma completa. Não há inteligência capaz de atingir toda a minha essência, todo meu mistério. Não que eu me esconda, pois não há razão para isto, como não há razão para eu ser totalmente compreendida.
Não sou arábica ou romana. Tampouco binária. Estou além desses adjetivos que são meras representações da minha natureza.
Desde os primórdios do pensamento humano eu seduzia a humanidade. Ao olhar as estrelas no céu noturno ou os grãos de areia das praias, eu os intrigava. Nos desenhos senoidais das ondas nos mares ou nos círculos ondulatório das pedras jogadas nos lagos, lá estavam os efeitos da minha vontade.
A própria beleza me presta tributos ao buscar proporções matemáticas para ser definida. Beleza pode ser uma equação. Entre as inúmeras formas a defini-la há uma bem simples. Beleza está na razão entre dois segmentos, se o maior desses mantiver proporção como a soma dos mesmos. Parece simples? Mas existem inúmeras maneiras de derivar essa proporção. Os matemáticos a chamam de proporção áurea, mas também foi chamada de proporção divina, em minha homenagem, sem dúvida. Artistas a usaram constantemente. Da Vinci a utilizou no famoso desenho do Homem Vitruviano e na Monalisa. A máscara Phi, homenagem ao arquiteto Fídias, do Panteon, retrata a proporção ideal de beleza do rosto humano. A letra grega phi define essa proporção. A estrela de Davi traz phi como a razão entre a base e um dos lados do triângulo que define cada ponta da estrela.
Da música, nem se fale. Música é matemática em harmonia e ritmo. Sem a proporção precisa, a música perderia a harmonia e a razão para agradar ao ouvido Humano.
Eu não sou apenas o contar ou o medir. Esses são os mais singelos e infantis dos meus atributos.
Eu sou a definição da matéria e da energia. Eu sou o Bóson de Higgs. Sou o caminho que conduz as grandes mentes e todos os gênios. Sou o infinito.
Ao infinito vou, na eternidade dos passos.
No infinito entre, nas divisões dos pedaços.
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