WAGNER RODRIGUES POETA E CRONISTA

TEXTOS ORIGINAIS E PUBLICADOS NOS LIVROS DO AUTOR

Allah, meu bom Allah (Crônica de “Deuses no divã”)

Gostei do sambinha que fizeram em minha homenagem!

Allah, meu bom Allah! Atravessamos o deserto do Saara. O sol estava quente e queimou a nossa cara, Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô!” Bem alegre, muito engraçadinho!

Quem começa a ler meus ensinamentos a meu querido Mohamed pode pensar que estão diante de algum Torah II. Como se eu fosse um George Lucas…

Não é isso, não! Acontece que eu, assim como o Jeová, somos um só. Apenas eu sou uma versão de mim mesmo que escolheu o outro dos “brimos” como ouvinte.

Reconheço, nessa nova versão, tudo o que disse na versão anterior. Não poderia ser diferente, pois eu sou perfeito, onipotente, onipresente, todo poderoso, o que tudo sabe e tudo vê! Apenas, para ser politicamente correto com Mohamed, fui dando mais ênfase no ponto de vista desses outros súditos, quero dizer povo. Vocês entenderam, não é?

É a mesma coisa dita de um outro jeito. Lá estão todos os personagens importantes: Adão, Moisés, o rei Salomão, o Juízo final e, claro, o Lúcifer. Muito importante esse Lúcifer, nas duas versões! Sem ele não haveria enredo algum! Seria um tal de cantar musiquinhas, comer frutinhas que não as da árvore da ciência do bem e do mal, conversar com os bichinhos. Um tédio total!

Devo reconhecer que devo a Lúcifer muito do meu prestígio.

O que seria de Hércules se não fossem a Hidra de Lerna ou o Leão de Neméia? Do Batman sem o Coringa? Todo herói tem que ter um vilão. E eu sou o maior dos heróis!

Eu sou um deus de justiça e reconheço o papel dele. Lembrem-se que ele foi meu principal arcanjo!

Claro, sou o bonzinho na história e tenho que botar para quebrar quando lido com ele! No final, vou colocá-lo numa fogueira eterna de enxofre fedido por tudo de mau que ele fez, junto com todos os humanos que ele seduziu!

Como não devia? Quem vocês pensam que são?

Aqui quem manda sou eu! É justo como eu decido e ponto final.

“Allah, meu bom, Allan, Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô!”

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