
Flutuava em Ushuaia
Em águas densas e escuras,
Ao lado de lobos marinhos
E pinguins em trajes finos.
Sob os cheiros dessas águas
E do frio do dia imenso,
Todos ali respeitavam
O funeral de Netuno.
Esse deus jazia ao fundo
Do encontro de oceanos,
Onde o maior entre eles
Cede águas a seu irmão.
À esquerda e à direita,
A honrar o deus defunto,
Seguia em respeito contrito
A procissão de titãs.
Vestiam rochas imensas
E vastas florestas de lengas,
Curvadas em oração
Ao deus morto dos mares.
Com seus cabelos alvíssimos,
Seguiam em passos tão lentos
Que só no tempo dos sonhos
Creio, então se moviam.
Oravam o uivo de ventos,
Desde léguas incontáveis
À mais austral patagônia,
Até, por fim, mergulharem
Logo após o fim do mundo.
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